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O que é o Método Sinclair (TSM)? E Qual é o papel da naltrexona no TSM?

Foto do escritor: Stefani BusattaStefani Busatta

Atualizado: 30 de jan.

Também conhecido como o segredo melhor guardado da indústria da recuperação. O método Sinclair é um tratamento para o transtorno do uso do álcool que utiliza a medicação naltrexona, tomada uma hora antes de beber para gradualmente diminuir os desejos (cravings por álcool). 

Este método tem uma eficácia de 78%, comprovada por dezenas de ensaios médicos com animais e humanos 

Permite que decida se quer continuar a beber com moderação ou parar completamente, ao seu ritmo, sem sensações de privações, mas porque quer.


Qual é o papel da naltrexona no TSM?

O papel do sistema de recompensa e das endorfinas na criação da adição. Quando consumimos álcool ou outras substâncias, ocorre uma verdadeira "festa química" no cérebro. Esses elementos desencadeiam processos que alteram a forma como nos sentimos, sendo que o álcool, em particular, promove a liberação de endorfinas, substâncias associadas à sensação de bem-estar e prazer. Para entendermos o papel do álcool na criação de dependência, é essencial conhecer o sistema de recompensa do nosso cérebro e o papel das endorfinas nesse processo.

O sistema de recompensa: o "professor" interno

O sistema de recompensa é uma ferramenta poderosa que a evolução nos deu para garantir a sobrevivência. Ele serve para nos ensinar que determinados comportamentos, como comer, fazer exercício, ter relações sexuais ou dar e receber carinho, são importantes e, portanto, devem ser repetidos. Quando realizamos essas atividades, nosso cérebro nos recompensa com a liberação de endorfinas, criando uma sensação de prazer que nos motiva a repetir esses comportamentos.

Com o tempo, esses comportamentos formam caminhos neuronais no cérebro. No início, criar um hábito, como fazer exercício regularmente, pode parecer difícil, mas, à medida que repetimos, estes caminhos se tornam mais demarcados e acessíveis.

O álcool e o sistema de recompensa

O problema do álcool e de outras drogas é que eles "hackeiam" o sistema de recompensa. A liberação de endorfinas causada pelo consumo de álcool é muito maior do que a de atividades naturais como comer ou se exercitar. Isso faz com que as trilhas neuronais associadas ao álcool se tornem cada vez mais fortes e acessíveis, incentivando o consumo repetido.

No caso de pessoas geneticamente predispostas ao alcoolismo, essa resposta ao álcool é ainda mais intensa. O cérebro dessas pessoas libera uma quantidade exagerada de endorfinas, criando uma sensação de euforia que vai muito além do simples relaxamento e desinibição. Essa resposta intensa reforça ainda mais as trilhas neuronais associadas ao álcool, transformando o que poderia ser uma escolha consciente em um impulso quase incontrolável. Além disso, o uso contínuo do álcool reduz a sensibilidade a outras fontes de prazer e prejudica áreas do cérebro relacionadas à tomada de decisão e ao autocontrole, tornando o consumo algo compulsivo.

O papel da naltrexona no Método Sinclair

Aqui entra a naltrexona, peça-chave no Método Sinclair. Essa medicação age como um "bloqueador" no sistema de recompensa. Quando tomada antes de consumir álcool, impede que as endorfinas liberadas pelo álcool se conectem aos receptores cerebrais responsáveis pela sensação de euforia. Com o tempo, isso enfraquece os caminhos neuronais associados ao consumo de álcool, transformando a "autoestrada" em um simples caminho novamente. Esse processo gradualmente devolve ao cérebro sua resposta original ao álcool, como era antes do desenvolvimento da dependência, eliminando a relação compulsiva com o consumo.

O grande diferencial do Método Sinclair é utilizar esse mecanismo de forma gradual e controlada. Em vez de proibir o consumo de álcool imediatamente, o método permite que a pessoa beba enquanto toma naltrexona. Isso reduz progressivamente os desejos e o prazer associado ao álcool. Com o tempo, a necessidade de beber diminui, permitindo que a pessoa escolha entre moderação ou abstinência de forma natural e sem sensação de privação. O cérebro literalmente "desaprende" o vício, enquanto os desejos intensos desaparecem. A partir desse ponto, você pode decidir se prefere beber com moderação ou parar totalmente, tudo de forma simples, sem atingir o fundo do poço, sem internações e sem privação.

Uma abordagem científica e eficaz

Entender o papel do sistema de recompensa e das endorfinas na criação da dependência é fundamental para compreender por que o Método Sinclair funciona tão bem. Ele não apenas aborda a dependência como um problema comportamental, mas como uma questão química e neurológica que pode ser tratada de forma compassiva e baseada na ciência. A naltrexona não é uma "cura mágica", mas é uma ferramenta poderosa que, quando usada corretamente, pode transformar vidas.

 
 
 

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